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*Graduada em Nutrição, Araçatuba 2007. Especialista em Nutrição Funcional (VP São Paulo, 2010), Nutrição Ortomolecular (FAPES, São Paulo 2012) e Fitoterapia Funcional (VP Campinas, 2014). Participação ativa em Congressos e Cursos da área Funcional. *Atendimento em consultório desde 2008. Clínica Portinari - 18 3305-5838

domingo, 7 de agosto de 2011

EFEITO DOS ADOÇANTES ARTIFICIAIS NO PESO CORPORAL

No dia 11/05/11, o site UOL Notícias publicou, no setor Ciências e Saúde, a matéria “Refrigerantes com zero caloria não ajudam a emagrecer”, na qual demonstrou que os refrigerantes adoçados com adoçantes artificiais não favorecem a saciedade e ainda podem aumentar o consumo alimentar no indivíduo, contribuindo para o aumento de peso. A matéria ainda afirma que o aumento do peso corporal pode ocorrer devido a mecanismos biológicos, que envolvem, além da diminuição da saciedade, costume do paladar e maior absorção de nutrientes na digestão, e a fatores psicológicos, de compensação de calorias não ingeridas pelos adoçantes, aumentando o consumo de outros alimentos.

De fato, a literatura comprova a maior parte dessas afirmações por meio de estudos englobando a administração de adoçantes artificiais, tanto em ratos quanto em indivíduos. O fator mais observado na maioria dos estudos é a direta relação entre aumento de peso e o consumo de adoçantes artificiais, tanto inserido em bebidas quanto em alimentos semissólidos, como o iogurte. Tal relação pode também ser observada em estudos populacionais americanos, onde observamos que o aumento do consumo de adoçantes artificiais coincide com o aumento do número de indivíduos obesos (IMC > 30).

De acordo com a literatura, a principal razão para a ocorrência do aumento de peso seria um aumento na ingestão de alimentos, mas ainda não se sabe ao certo como isto ocorre. Algumas hipóteses tem sido levantadas e uma delas seria que os adoçantes artificiais promoveriam este aumento através da falha na diminuição da atividade do hipotálamo (centro da fome no cérebro) e da baixa ativação do sistema dopaminérgico mesolímbico, reponsável pela sensação de satisfação, após a ingestão de algum alimento. Assim, a falta da saciedade, juntamente com a constante estimulação da fome, manteria o comportamento por procura de alimento no indivíduo, aumentando sua ingestão alimentar.

Outra hipótese estaria relacionada com a desregulação da ativação da fase cefálica da digestão. Normalmente, quando ingerimos um alimento com açúcar, o sabor doce deste promove a ativação do que chamamos de fase cefálica da digestão, que consta na preparação do corpo para a chegada de tal alimento, incluindo tanto a liberação de enzimas e outras substâncias que participam da digestão quanto a regulação energética corpórea. No entanto, o alto consumo de adoçantes artificiais em preparações não calóricas (ex: refrigerantes, café, e outras bebidas) promoveria uma desregulação na capacidade do sabor doce de ativar tal fase cefálica, resultando em um prejuízo da regulação energética, principalmente quando forem consumidos alimentos doces e calóricos, e levando a um aumento da ingestão calórica.

Os tipos de adoçantes que foram mais correlacionados com este efeito no aumento de peso são a sacarina sódica e o acessulfame de potássio. Em relação à estévia, os resultados são controversos, já que há poucos estudos realizados a fim de certificar tal efeito; em um estudo, os autores afirmam que não há relação entre o consumo de estévia antes da refeição e o aumento de consumo de alimentos durante a mesma. Porém, em outro estudo, observa-se que a estévia tem efeito similar ao da sacarina no aumento de peso. Já para o aspartame, foi observado um interessante resultado: uma vez encapsulado e administrado em adultos saudáveis, não foi observado um ganho de peso. Porém, se administrado na forma de pó, onde os indivíduos conseguem sentir o sabor doce, há um aumento considerável no peso corporal, por meio do aumento da fome e da ingestão de alimentos. Isto, talvez, fundamente as hipóteses citadas acima, já que ambas são acionadas a partir da sensação do sabor doce.

Alguns estudos ainda observaram que tanto a falta de saciedade quanto a desregulação da fase cefálica, provocados pelos adoçantes artificias, se prolongam por certo tempo após a retirada do adoçante da dieta do indivíduo. Isto mostra que tais alterações metabólicas, promovidas pelo alto consumo de adoçantes, não são dependentes da presença dos mesmos para se manterem e, também, não se sabe quanto tempo o corpo leva para reverter tal situação.

A partir da literatura revisada, podemos então afirmar que a escolha de bebidas e preparações adoçadas com açúcar é melhor do que as adoçadas com adoçantes artificiais? Não. O açúcar é um alimento altamente calórico e que não possui quase nenhum nutriente, podendo seu excesso gerar uma série de doenças. Além disso, alguns estudos verificam a hipótese de que o açúcar apresenta um potencial viciante, já que ao ser ingerido desencadeia uma série de alterações neuroquímicas no corpo, similares à administação de drogas, como morfina, que promovem a liberação de opioides e dopaminas, as quais levam ao vício.

E qual seria a solução para tal impasse? Reduzir a utilização de açúcares e adoçantes artificiais em bebidas, bem como a ingestão de bebidas industrializadas já adoçadas. Tal medida visaria modificar os costumes do indivíduo a fim de diminuir a preferência deste por alimentos e bebidas altamente doces. Como substituto ao açúcar, bem como aos adoçantes, o mel tem sido cotado como melhor opção. Estudos que o compararam com o açúcar, observaram que ele promove um menor ganho de peso, diminuição na taxa sanguínea de triglicérides e, ainda, diminui a adiposidade. Desta forma, através da reeducação alimentar, pode-se reduzir o consumo de alimentos adoçados e optar por soluções mais saudáveis no momento de substituir o açúcar ou adoçante, evitando um possível ganho de peso e contribuindo para uma melhora na qualidade de vida e na saúde da população.

texto retirado do site: www.vponline.com.br

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